O exercício físico como um combustível para a produtividade - Blog #12

O exercício físico como um combustível para a produtividade - Blog #12

Escrito por Ana Luiza

Publicado em 25/08/2021

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Vivemos em uma sociedade extremamente acelerada. Ocupada, apressada e estressada demais, sempre com uma excessiva necessidade de estar produzindo a todo momento. Como cuidar de si e aumentar o desempenho no trabalho, ao mesmo tempo?

Produtividade Tóxica

A partir de 2020, um dos saldos da pandemia do coronavírus foi a adaptação ao trabalho remoto, possibilitando ao trabalhador a flexibilização dos horários de expediente e a organização da sua rotina de acordo com os seus afazeres e compromissos. Entretanto, essa versatilidade foi vista, por diversas pessoas, como a responsável por altos níveis de estresse e pelo desencadeamento de doenças psicossomáticas. Essa relação existe pois essa versatilidade também significa, muitas vezes, exaustivas jornadas de trabalho (de mais de 12 horas de expediente), intervalos para descanso misturados com outros serviços, ambientes de trabalho inapropriados e autocobrança excessiva, dentre diversos outros problemas que desestabilizaram a rotina do trabalhador.

Nesse contexto, surge o conceito de produtividade tóxica: a obsessão por estar incessantemente trabalhando, não se permitindo ter momentos genuínos de descanso sem sentir culpa por não estar fazendo nada e com a constante sensação de estar perdendo tempo. A premissa “trabalhe enquanto eles dormem” nunca foi tão colocada em prática e, ao mesmo tempo, tão prejudicial para a saúde mental e física, além de ser insustentável a longo prazo uma vez que diminui substancialmente a qualidade de vida.

O que é estresse?

Com “diminuir a qualidade de vida” falamos de: cansaço constante, pensamento acelerado, tensão muscular, dores de cabeça incapacitantes e estresse exagerado.

O estresse é uma resposta do nosso organismo a situações alarmantes, desencadeando a produção de hormônios, dentre eles, o cortisol, também conhecido como “o hormônio do estresse”, que, quando em excesso, pode causar problemas cardíacos, alterações de peso e diminuição da testosterona. Além disso, afeta diretamente a tão desejada produtividade no trabalho, por provocar lapsos de memória, dificuldade de concentração, pensamento acelerado, dificuldade de completar um raciocínio, enxaqueca e baixa na imunidade.

O papel da atividade física

Ao contrário do cortisol, a serotonina é o “hormônio da felicidade”, que estimula a sensação de bem-estar e é facilmente liberada com a prática de exercícios físicos, assim como a endorfina.

Porém, além de estar relacionada ao conforto físico e mental, a realização de atividades físicas está profundamente associada ao melhor desempenho em atividades cognitivas. Isso se dá porque o nosso cérebro também se desenvolve enquanto estamos em movimento. Como assim?

Em uma pesquisa publicada na revista The Guardian, cientistas explicam que determinadas atividades que fazemos com o nosso corpo podem influenciar positivamente na massa cinzenta do nosso cérebro e, também, alterar definitivamente algumas estruturas.

Um dos benefícios provenientes disso é o aumento da memória. A nossa memória é regulada por uma área do cérebro chamada hipocampo, que pode ser estimulada pela prática de exercícios aeróbicos, chegando, inclusive, a aumentar de tamanho. Uma curiosidade sobre isso: pesquisadores alemães descobriram que aprender um novo idioma enquanto caminha ou pedala pode facilitar a fixação do vocabulário estrangeiro. Claro, sempre mantendo cuidado com os excessos, para não aumentar os níveis de cortisol e não causar o efeito contrário, como já citado anteriormente.

Além disso, um teste controlado, realizado com crianças em uma escola holandesa, mostrou que a prática de atividades aeróbicas intercaladas de atividades cognitivas aumentou a qualidade da concentração dos alunos, assim como diminuiu o desvio de atenção e acelerou o seu raciocínio lógico.

Já em grandes empresas, de acordo com uma pesquisa realizada no Reino Unido pela Sustrans - uma instituição de caridade no setor de transportes - , não ter funcionários fisicamente ativos é, literalmente, estar perdendo dinheiro. As estatísticas da pesquisa mostram que a média de licenças médicas é quase o dobro em funcionários sedentários em comparação com os que vão pedalando para o trabalho, o que chega a custar quase 258 libras esterlinas por dia para as firmas britânicas. Além de que, se fosse massivamente adotado o costume de ir para o trabalho de bicicleta, poderia ser proporcionado um crescimento anual de quase 14 bilhões de libras esterlinas para os negócios do país.

Os benefícios a longo prazo

Sabemos que um dos maiores benefícios proporcionados pela prática regular de atividades físicas é a prevenção de doenças causadas pelo sedentarismo, como risco de AVC, doenças cardiovasculares, diabetes, osteoporose, obesidade e outras. Além disso, quando se fala de saúde cognitiva, já vimos que a movimentação do nosso corpo tem uma influência relevante.

Inevitavelmente, iremos envelhecer, e, por mais que não seja um acometimento natural do envelhecimento, a demência - defasamento de capacidades cognitivas e motoras - em idosos é comum e, dependendo do grau, incapacitante.

A atividade física pode ser um pilar importante para a prevenção de disfunções intelectuais e, também, para a atenuação de sintomas para quem já os apresenta. De acordo com um artigo publicado pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, pessoas que praticam exercícios, em comparação com as que não praticam, têm menos chances de desenvolver uma doença cognitiva, além de apresentarem a capacidade de processar informações com uma maior rapidez e facilidade.

Além disso, a mesma pesquisa mostrou, em pessoas idosas já acometidas de déficit cognitivo, aumento do desempenho mental e motor com a execução moderada de esportes. Também nesse estudo, foram selecionadas mulheres saudáveis para uma rotina de exercícios (caminhadas de 60 minutos, 3 vezes por semana) durante 6 meses, e os resultados foram diversos benefícios físicos e psicológicos, como aumento da memória, melhora na atenção, na concentração e no humor, em comparação com o grupo controle.

Outro fator também importante de ser comentado, é que uma das justificativas mais aceitas para o desenvolvimento da demência é a diminuição da oxigenação do cérebro por um longo período de tempo em decorrência da diminuição da atividade cardiovascular, normal do envelhecimento. Uma das hipóteses da ciência é que os exercícios físicos poderiam atuar na melhora das funções cognitivas por influenciar o aumento do fluxo sanguíneo no cérebro e, assim, a oxigenação, diminuindo os sintomas, além de aumentar os níveis de neurotransmissores e das mudanças estruturais citadas anteriormente.

Com isso, é evidente que a prática de exercícios físicos pode ser utilizada como um método importante para preservar e aprimorar a nossa saúde física, mental e cognitiva, impactando positivamente a curto, médio e longo prazo em todas as áreas da nossa vida. São por todos esses motivos que, certamente, será possível observar um aumento da quantidade de pessoas que praticam exercícios após esse período de distanciamento devido ao Coronavírus. E isso não estará restrito à idade, tanto os mais jovens quanto as pessoas de idade mais avançada estarão buscando mudar seu estilo de vida para garantir condições mais saudáveis, além de potencializar sua produtividade e, consequentemente, seu desempenho no trabalho.

– Artigo elaborado em parceria com a Altus -