O futuro da produtividade: o que é comoditização digital e como ela se relaciona com o mercado competitivo - Blog #06 (Especial OnePage)

O futuro da produtividade: o que é comoditização digital e como ela se relaciona com o mercado competitivo - Blog #06 (Especial OnePage)

Escrito por Lucas Farias

Publicado em 25/03/2021

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(Tempo de leitura: 8 minutos)

A era digital que vivemos hoje vem combatendo uma desafiadora realidade: a produtividade. A disseminação das tecnologias permite que as empresas entrem em contato com novos insights, práticas organizacionais e serviços mais sofisticados. Tudo isso com preços reduzidos de operação. Assim, não é coisa de outro mundo imaginar as empresas utilizando cada vez mais tecnologias na sua rotina e nas atividades mais complicadas.

No entanto, por mais que a popularização da era digital seja benéfica do ponto de vista da produtividade, é preciso levar em consideração os limites desta utilidade para a competitividade do mercado. Parece um bicho de 7 cabeças para entender, né? Na verdade, esse artigo vem para te provar justamente o contrário.

O que você vai ver neste post:

  • 1) Por qual motivo esse assunto é importante para você?
  • 2) Relação dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
  • 3) Desaceleração da taxa de crescimento da produtividade.
  • 4) Afinal, o mercado está comoditizado? É possível sair disso?

Este post é a última parte de uma série de 3 artigos que foram postados no BlogsPET esse semestre referentes ao projeto One Page. Inspirada em uma prática utilizada por consultores, o One Page é uma atividade realizada no PET Produção em que os participantes recebem um tema para discussão e devem apresentar uma argumentação junto de uma apresentação visual limitada ao tamanho de uma folha de papel. A cada mês, o participante de melhor argumentação trouxe um post sobre o tema apresentado no Blog. O tema desta semana é “Tecnologia e a relação de mercado: tudo vai virar commodity?” e o responsável pelo post é o petiano Lucas Farias.

1) Por qual motivo esse assunto é importante para você?

Agora, imagine a seguinte situação: vou trazer três cenários, cada um que você já tenha presenciado ganhará 1 ponto na nossa conversa. Vai anotando:

– Foi na casa de um conhecido e já chegou pedindo a senha do wifi?

– Perguntou se a pessoa poderia enviar a chave do pix ao invés dos dados da conta bancária?

– Já viu que o Microsoft Excel é essencial para aquela vaga de trabalho que procura?

Caso tenha saído com no mínimo 1 ponto, você já entende o que se refere a comoditização digital e seu impacto.

Pense no impacto da criação da internet, por exemplo, no início da década de 1960. Paul Baran ligou vários computadores entre si, tendo bastante impacto na conexão das atividades. Naquele momento, o acesso a esta inovação tecnológica era limitado, até que foi criada uma rede para conectar computadores, virando a internet que conhecemos. Com o tempo, a rede cresceu e hoje é usada em atividades básicas, passando a ser uma diferença nula no mercado, já que se tornaram commodities na prática.

Por meio desse exemplo, é possível provar: a tecnologia ajuda a colocar a empresa na competitividade, entretanto não a qualifica para ser o maior destaque no ramo. À medida que o acesso da tecnologia se dissemina, seu impacto marginal diminui e, eventualmente, se torna nulo. Como vimos no acesso a internet.

Portanto, entramos em um grande questionamento acerca da relação entre comoditização digital e competitividade.

2) Relação dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Dentro do contexto da comoditização digital, o desempenho das empresas varia conforme a polarização daqueles que usam e daqueles que desenvolvem e gerenciam as tecnologias. O primeiro grupo é representado por países emergentes e em desenvolvimento, e o segundo composto por alguns países avançados.

Essa divisão em dois grupos impacta diretamente as perspectivas da produtividade e dos recursos financeiros entre países, o que leva a uma situação totalmente assimétrica quando tenta-se fazer uma comparação.

Por exemplo, pense na Amazon, empresa desenvolvedora de padrões e que gerencia suas plataformas com produtos de terceiros, ela representa muito bem as empresas que tendem a reter a maior parte dos benefícios das commodities. Isto porque ela não somente usa, mas desenvolve mecanismos para que as commodities digitais sejam usadas.

3) Desaceleração da taxa de crescimento da produtividade.

Até onde vai a produtividade? Nos últimos anos, existe um grande debate sobre a estagnação secular nos países desenvolvidos. Essa desaceleração da taxa de crescimento pode ser vista no Gráfico 1, onde na última análise (2007-2015) a produtividade do trabalho nos EUA cresceu apenas 1,2% ao ano, sendo consideravelmente baixo mesmo com a Crise Financeira.

1.2. 3. 4. Gráfico 1 - Crescimento anual médio da produtividade do trabalho do setor privado nos Estados Unidos

Dessa maneira, podemos fazer a relação dessa desaceleração com a ausência de novas inovações nos últimos anos, o que agregaria no aumento do nível de produtividade da economia. Por exemplo, vamos pegar o Uber, foi um grande impacto no nosso cotidiano, todavia o impacto do Uber, não se aproxima da relevância que teve o telefone na década de 1870, do ponto de vista econômico.

Assim, com a popularização das tecnologias existe a necessidade de continuar inovando, para que os novos avanços tenham sintonia com a produtividade econômica. Mas será que isso é possível?

Chegamos em um momento da leitura que surge o questionamento: Afinal, o mercado está comoditizado? É possível sair disso?

Calma, vamos abordar isso no próximo tópico.

4) Afinal, o mercado está comoditizado? É possível sair disso?

Apesar de tudo que foi abordado anteriormente, o mercado não está comoditizado, pelo menos ainda não. Assim, esse se torna um grande ponto de discussão para o nosso país, uma vez que não há uma solução a curto prazo.

Dentro do nosso contexto, o Brasil possui baixo nível de crescimento da produtividade nas últimas décadas. É pensando nesse tipo de situação que devemos imaginar possíveis saídas para estes impasses econômicos e produtivos, que acompanham a comoditização digital. Obviamente, este não é um processo simples e passa por outras decisões, mas podemos pensar em dois pontos principais para médio e longo prazo:

1. Desenvolvimento de tecnologias

Para melhorar a qualidade de vida e o nível de produtividade, se faz necessário que países emergentes – como o Brasil – mobilizem esforços para a educação em profissões que desenvolvam de forma direta mais tecnologias e aplicativos digitais.

Nos dias de hoje, o país empreende esforços para reduzir impostos de importação dos equipamentos de informática e softwares. No entanto, o investimento na educação e na infraestrutura podem traçar um caminho mais assertivo a longo prazo, do que o descompasso da importação de tecnologias.

2. Geração de novas políticas públicas

Ao passo que o país amplia o uso de softwares nas escolas e universidades para popularizar as commodities digitais, as políticas públicas terão que traçar planos mais ambiciosos na área da inovação para que possam gerar valor na relação renda-tecnologia.

Desse modo, os incentivos no setor de telecomunicação promoveriam uma maior inclusão digital, se tornando um fator de destaque para o aumento da produtividade no país a curto e longo prazo. Ressalta-se que não é uma atividade simples, já que requer uma reformulação nas políticas públicas direcionadas ao conhecimento e à economia digital.


Em suma, a possível saída para esse impasse se baseia em três pilares: educação, infraestrutura e inclusão digital. Entretanto, talvez seja necessário mais variáveis para que o país alcance uma melhor posição e reduza o hiato tecnológico.

E você, o que acha dessa história toda? Concorda, discorda? Você acha que conseguiria trazer essa discussão em uma página só? Para facilitar, vou deixar a minha One Page desse assunto aqui embaixo!