O que é a Taxa Selic e porque você deveria se preocupar com ela - Blog #07

O que é a Taxa Selic e porque você deveria se preocupar com ela - Blog #07

Escrito por Fabiano Araujo, Michele Zavattaro e Samuel Fernandes.

Publicado em 15/04/2021

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(Tempo de leitura: 8 minutos)

Já conhece a Taxa Selic e como ela impacta no seu bolso? Já sabe a diferença entre as duas taxas e como elas influenciam nos seus investimentos? Não? Pois vamos lá, o GEE explica!

O que você vai ver neste post:

  • 1) O que é a taxa selic?
  • 2) Selic Meta x Selic Over.
  • 3) A importância da taxa selic.
  • 4) Afinal, o que faz a selic subir e cair?

1) O que é a taxa Selic?

Segundo o site do Banco Central do Brasil, a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. É com base nela que são calculadas todas as taxas de juros no Brasil, assim, ela influencia nas taxas de juros presentes em empréstimos, financiamentos e até nas taxas de retorno em aplicações financeiras.

Note, ela é usada como base para o cálculo, não é ela própria a taxa de juros de todos os investimentos do Brasil. A situação em que a Selic é utilizada como taxa de juros em um investimento, é no caso dos investimentos dos títulos públicos federais, como o Tesouro Nacional, que é, basicamente, investir no Governo, no lugar de investir em uma empresa privada ou em uma conta poupança, por exemplo.

Ainda segundo o Banco Central do Brasil, o nome da taxa Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, que é um programa 100% digital, onde você pode investir em títulos públicos nacionais, como o supracitado Tesouro Nacional, aplicados à taxa Selic. Esse tipo de investimento costuma ter baixa liquidez, mas alta segurança, dado que é garantido o retorno da taxa Selic em cima do valor investido e é muito improvável que o Governo brasileiro quebre e não possa devolver esse valor; já a rentabilidade depende da taxa Selic atual, que, por sua vez, costuma ser menor que o rentabilidade média do mercado.

Como funciona?

A taxa Selic é regulada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom. Eles se reúnem a cada 45 dias para determinar se há necessidade de alterar a taxa ou não. E essa decisão influencia o mercado das mais diversas formas. Como a taxa Selic é utilizada como base de cálculo para a maioria dos investimentos, quando o Copom decide aumentar a taxa, por exemplo, os juros dos bancos e de outros investimentos tendem a ficar mais caros, o que desestimula o comércio e, consequentemente, ajuda a controlar a inflação, tendo em vista que, quanto mais a população consome, mais aumenta a inflação.

As mesmas inferências são verdade no outro extremo: se o Copom decide diminuir a taxa Selic, os juros do mercado tendem a, também, diminuir, estimulando o comércio e soltando um pouco as rédeas da inflação. A imagem abaixo, retirada do site oficial do Banco Central do Brasil, ilustra bem a situação.

A taxa Selic, portanto, funciona como uma taxa reguladora do mercado, pois o seu valor tem uma relação direta de causa e consequência com a inflação, além de ser um mecanismo de arrecadação de verba pro estado alternativo aos impostos, por meio do Tesouro Nacional.

Se quiser ver a imagem do esquema anterior na integra, clique nesse link

A selic hoje e histórico

Atualmente, a Taxa Selic após um período de 6 anos de baixa, subiu pela primeira vez no dia 17 de março de 2021, definindo a taxa em 2,75%, um aumento de 0,75 p.p. E não para por aí, por conta da situação macroeconômica em qual o Brasil se encontra, o Banco Central já sinalizou que pretende aumentar a taxa para 3,5% no próximo encontro do Copom.

A última vez que tivemos um aumento na taxa foi em meados de 2015, quando alcançou os 14,25%. Após esse pico, iniciou o ciclo de corte que fez atingir a mínima histórica de 2% ao ano. Veja o comportamento histórico da taxa nos últimos 20 anos, utilizando como fonte o Banco Central:

2) Selic Meta x Selic Over.

Existem duas taxas Selic? A resposta é sim, vamos entender a diferença dessas duas. De início, é interessante ressaltar que a Selic Meta é sempre a que ouvimos falar no jornal, por isso, vamos começar explicando essa e em seguida a Selic Over.

Segundo Tiago Feitosa, o Copom estipula a taxa na qual os títulos públicos dos bancos serão negociados. O objetivo é que os Títulos Federais sejam negociados com taxas próximas à taxa Selic ou com taxas menores do que a meta, daí o nome escolhido.

Já a Selic Over representa a média ponderada de todas as operações feitas no Sistema Selic. Essas são lastreadas em títulos públicos federais, o que significa ter como garantia dessas negociações esses títulos públicos.

Em resumo, as operações realizadas entre bancos, ou outras instituições que se enquadram no sistema Selic, trabalham com a taxa Over e têm como garantia os Títulos Públicos Federais.

Historicamente, em nosso país a Selic Meta é 0,1% ou 0,11% maior que a Over, isso ocorre com o intuito de punir instituições financeiras que precisem usar a garantia (lastro) dos Títulos Federais, já que, por lei, as instituições bancárias são obrigadas a manter parte do seu capital investido em títulos públicos. Isso ocorre com o intuito de proteger a economia do país da inflação, pois haverá menos dinheiro circulando.

3) A importância da taxa selic.

Segundo a Folha de São Paulo, a Taxa Selic foi criada pela Andima e pelo Banco Central (BC), em 1979, período no qual reinava a hiperinflação. O objetivo principal de sua criação foi exatamente ser uma ferramenta de controle artificial da inflação, onde qualquer mudança que o Banco Central realizar na taxa terá uma alta ou queda da inflação.

Como vimos, de forma prática, quando aumenta a Selic, a economia desacelera, impedindo a inflação de ficar muito alta. Assim, o contrário também é verdade, com uma diminuição da Selic, a economia é estimulada e aquecida, aumentando a inflação quando ela está abaixo da meta, pois uma inflação muito baixa também é prejudicial.

Como impacta na economia

Portanto, vimos que o objetivo é assegurar a estabilidade da economia e evitar descontroles de preço como os que o país já viveu em décadas passadas, que causam a perda do poder de compra da moeda.

Todo ano a meta para a inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 2020, a meta era 4% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,5 p.p. Todavia, cabe ao BC definir e adotar as medidas necessárias para alcançar a meta, e a principal estratégia adotada é a de política monetária, ou seja, influenciar a quantidade do dinheiro em circulação.

Como funciona? Quanto mais recursos estiverem disponíveis, maior a tendência das pessoas consumirem. E quando a oferta não acompanha a demanda, é natural que os preços subam, assim como o contrário também acontece.

E é exatamente com a Taxa Selic que se controla o volume de recursos em circulação. Como explicado, nos encontramos exatamente neste ponto, com a economia aquecida com a taxa atingindo a mínima e os mais variados programas de auxílio no Brasil e no mundo, e os resultados disso são os preços às alturas, a ponto de minar a meta de inflação, que foi preciso aumentar a taxa. Todavia, já com juros mais altos, vai se tornar mais caro tomar créditos – para empresas, pessoas físicas e o próprio governo. Isso desestimula o consumo, porém ajuda a controlar os preços. Calma, vamos resumir os impactos em cada ponto:

Impacto no Crédito (Empréstimos)

Sabemos que a taxa como um todo é uma referência para o custo das linhas de crédito. Quando está elevada, temos que os juros cobrados dos financiamentos nas instituições financeiras serão mais altos do que aqueles com a taxa baixa. Já quando a Selic diminui, acontece o movimento contrário: os juros do crédito ficam mais baratos, ou seja, mais dinheiro em circulação.

Impacto no Consumo

Consumo e Crédito se desenvolvem paralelamente. Quando os empréstimos ficam mais atrativos, naturalmente o nível de consumo costuma aumentar. Todavia, o oposto também acontece, por isso que, com a elevação da taxa a tendência é de que tenha uma redução das compras, pois os serviços e insumos também serão mais caros.

Impacto nos Investimentos

De modo geral, uma elevação da Selic beneficia os investimentos de renda fixa, já uma baixa favorece o crescimento das empresas. As empresas, podem utilizar esse aumento de capital para investir nas melhorias e crescimento dessas.

4) Afinal, o que faz a selic subir e cair?

Para entendermos a variação da taxa Selic partiremos da ideia de que, de forma similar a empresas e pessoas físicas, o governo também precisa de dinheiro, seja para custear hospitais, escolas ou rodovias, e, para obter essa verba, antecipando o que será com os tributos, ocorre a venda de títulos públicos.

De forma simples, um dos fatores que influenciam o valor da taxa Selic é a busca do governo por dinheiro, usando a lei da oferta e demanda, quanto mais precisa-se, seja devido à crises ou má administração, mais dispõe-se a pagar juros pela verba tomada, aumentando, assim, a taxa básica de juros (Selic) do país. Caso contrário, não havendo interesse do governo em contrair grandes empréstimos, essa taxa diminui, o que significa que as contas do país estão bem equilibradas.

Ok! Mas quais são as consequências da taxa Selic ficar alta ou baixa? O governo a controla apenas se baseando nas suas finanças? Agora vamos explicar as consequências de uma Selic alta e depois ver os impactos de uma Selic baixa no país.

Quando o Banco Central aumenta o valor da taxa Selic, lembramos que todas as taxas de juros do país, vão subir, certo? Sim! Com isso, o crédito fica mais restrito, e a inflação controlada. De forma geral, o consumo é desestimulado, fazendo com que tenha menos dinheiro circulando no país, assim, a inflação, que é um dos motivos para o governo aumentar a Selic, diminui. Em geral, vemos esse cenário quando o país está passando por alguma crise, seja ela ocorrendo por competência da administração pública ou não. E o que se torna mais atrativo para investirmos nesse caso? Títulos Públicos, pois o governo está disposto a ter, momentaneamente, seu dinheiro, oferecendo maiores taxas de retorno.

Por outro lado, quando o Banco Central diminui a taxa básica de juros do país, temos como principal intenção “aquecer” a economia da nação, o consumo é estimulado, atraímos os olhares de investidores externos e mais geração de emprego. Para que isso ocorra é necessário que o país esteja bem organizado, atrativo aos olhos de investidores e bem visto pelo mundo. Afinal, você não teria coragem de investir seu dinheiro em uma nação que está em crise ou em guerra, certo?


Por fim, nós do GEE esperamos que suas dúvidas sobre a taxa SELIC tenham sido sanadas e que você tenha aprendido a importância da taxa SELIC para a economia tanto quanto a importância de compreendê-la para termos ciência da situação do País e exercermos melhores aplicações do nosso capital, assim como nossa cidadania enquanto seres políticos.