Do Profissional ao Pessoal: Como funciona a mente de um engenheiro?

Do Profissional ao Pessoal: Como funciona a mente de um engenheiro?

Escrito por Davi de Lima

Publicado em 27/10/2025

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Você já conheceu alguém que calcula quanto tempo leva para se arrumar e sair de casa? Que desmonta estruturas só para saber como ela é feita ou então faz um planejamento detalhado somente para ir na casa da avó? Se sim, provavelmente era um engenheiro.

Neste blog, se prepare para conhecer e explorar como o raciocínio lógico, a busca pela eficiência e o pensamento sistêmico não se concentram apenas no ambiente de trabalho, mas transbordam para o cotidiano moldando o jeito de ver o mundo e lidar com diversas situações, sob a ótica de um engenheiro de produção em formação.

Ao longo de sua formação acadêmica e profissional, o engenheiro é formado para atuar otimizando processos, modelando sistemas e gerenciando recursos. Todavia, esses conhecimentos são instintivamente aplicados em sua vida pessoal em diversos momentos do cotidiano, como por exemplo, em um supermercado, ao analisar o tempo médio de atendimento de cada caixa com o intuito de escolher a fila em que será atendido mais rapidamente. Assim, podemos destacar como principais atributos desses indivíduos o seu raciocínio lógico e pensamento analítico que os fazem sempre buscar entender as causas e consequências de um problema antes de agir, direcionando sua mentalidade e esforços para resolver e não reclamar. Além disso, vale destacar sua fixação por planejamento e previsibilidade, pois tende a pensar em cenários, riscos e otimização de resultados, características que são desenvolvidas ao longo de sua formação através de disciplinas como: Cálculo, estatística, projetos e simulações de processos.

À luz disso, não poderíamos deixar de falar sobre os hábitos e manias desses profissionais que se entrelaçam com sua personalidade lógica e analítica. Ao observarmos atentamente, veremos que seus traços de personalidade os fazem possuir uma mania, por vezes excessiva, de controle e perfeccionismo. Por exemplo, em um simples passeio com os amigos ou família, acaba se tornando uma grande operação que pode ser mensurada, organizada e controlada, planejando até os mínimos detalhes para que tudo saia como ele espera, de maneira tal que os resultados sejam satisfatórios ocorrendo de forma perfeita. Ou até mesmo, na volta para casa, onde se calcula o menor trajeto com base na mínima distância, consumo de combustível e até o custo-benefício emocional do trajeto. Ademais, podemos destacar suas manias de medir e comparar coisas que simplesmente chamaram sua atenção naquele momento, no fascínio por entender como certos mecanismos funcionam, no controle de tempo e na busca por sempre simplificar procedimentos e atividades.

Contudo, algumas dessas manias acabam se tornando uma de suas maiores fraquezas, pois não é possível ter o controle de todas as coisas e tampouco alcançar a perfeição, o que acaba gerando frustrações, ansiedade e dificuldade em lidar com imprevistos.

Nesse viés, o engenheiro busca sempre o equilíbrio entre a razão e a emoção, afinal, embora racional, ele precisa lidar com subjetividades tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Diversas são as situações em que se faz necessário se posicionar e lidar com uma situação que exige o seu lado racional e emocional, pois, relacionamentos e escolhas pessoais exigem algo além da própria lógica, exigem sensibilidade e, sem dúvida, notar esse contraste é o ponto-chave. E entender que empatia, comunicação e criatividade são tão importantes quanto precisão e método lhe permite desenvolver suas chamadas soft skills e o faz evoluir cada vez mais como um indivíduo. Portanto, a mente de um engenheiro busca lógica em tudo, mas a vida nem sempre segue uma equação. O desafio é aprender a aplicar a racionalidade sem perder a sensibilidade; às vezes, o melhor processo é simplesmente viver o momento, mesmo que isso soe ineficiente à primeira vista.

Por certo, um engenheiro de produção consolida diversos conhecimentos de diversas áreas e segmentos, o que resulta em uma visão holística e integral das situações do cotidiano comum. Uma simples faxina na casa se torna um projeto de layout eficiente, otimizando espaço, fluxo e iluminação; a rotina se transforma em um cronograma com metas e indicadores; uma simples caminhada de lazer vira uma questão de roteirização e problema do caixeiro viajante. Certamente, sua formação em custos e finanças possibilita ter ciência de suas ações, o que lhe garante uma vida financeira saudável, bem como a utilização de ferramentas de Lean e Kaizen aplicadas à rotina lhe permitem ser produtivo gerenciando com sabedoria o seu próprio tempo, e tantas outras ferramentas e conhecimentos são aplicados para benefício próprio. Você pode não ser um engenheiro, mas provavelmente já usou um pouco dessa mentalidade racional e sistêmica ao organizar o seu tempo, revisar seu orçamento, ou até mesmo, otimizar o uso do seu celular.

Em suma, ser engenheiro é mais do que exercer uma profissão, é um modo de viver e interpretar o mundo ao seu redor. A mente de um engenheiro é movida pela sua curiosidade e pela busca de entender como as coisas funcionam, certamente uma luta incessante empunhando apenas um “Por que?”, que mesmo fora do ambiente de trabalho, não deixa de ser um observador que transforma o cotidiano em um laboratório de aprendizado. No entanto, o verdadeiro equilíbrio está em reconhecer que a vida não é uma equação do segundo grau (apesar de caótica, muito menos uma EDO). Ela exige tanto razão quanto emoção, tanto planejamento quanto improviso; e talvez seja justamente aí que o engenheiro encontra seu maior desafio, outrora sua maior dádiva: usar a lógica para entender o mundo, mas com o coração para vivê-lo.