
Contextualização
A Revolução Industrial começou na segunda metade do século XVIII e trouxe diversas mudanças para o cenário de produção mundial. Com ela, houve o avanço da tecnologia, surgimento e estruturação de indústrias, exploração de novos recursos e transformações econômicas e sociais que proporcionaram um ideal voltado para a lucratividade.
Sendo assim, essa nova forma de pensar e tratar o ambiente fabril, priorizando o lucro e alta produtividade, acarretou a modificação dos padrões de consumo da sociedade, a alteração das relações de trabalho e, principalmente, das relações entre o homem e a natureza. Ou seja, o crescimento da industrialização e comercialização prejudicou o meio ambiente com marcas que perduram até os dias de hoje.
Portanto, levando em consideração o contexto da Revolução Industrial e os seus impactos, será que há alguma forma de reverter esse cenário? E será que as empresas atuais buscam alternativas para se tornarem mais sustentáveis?

Impactos negativos no meio ambiente
Antes de responder estas perguntas é preciso entender, de fato, sobre os impactos gerados pela industrialização no meio ambiente. As fábricas afetam as condições naturais do planeta de diversas formas, como:

Emissão de gases poluentes
As indústrias, para produzir energia, queimam combustíveis fósseis e, consequentemente, emitem toneladas de gases tóxicos na atmosfera, como metano, monóxido de carbono, óxido de enxofre, óxido nitroso e etc.
Aumento da produção de lixo
As fábricas geram muitos resíduos industriais que, muitas vezes, são descartados de forma inapropriada. Além disso, a industrialização contribui para o aumento do consumo e para a falta de responsabilidade social, que também gera um descarte inadequado de lixo urbano.
Contaminação da água
Muitas indústrias despejam materiais tóxicos em rios e lagos, tornando a água imprópria para o consumo e prejudicando o ecossistema. Ou seja, a produção e o despejamento de lixo, tanto industrial quanto urbano, acarreta a poluição dos recursos hídricos, como lençóis freáticos, lagos, rios e mar.
Destruição da fauna e da flora
A destruição da fauna e da flora local podem ocorrer de várias formas. Primeiramente, para haver a construção de algumas fábricas ou a produção de determinadas mercadorias, é necessário o desmatamento da área. Sem contar que os tópicos citados acima (emissão de gases, mau descarte de lixo e contaminação da água) contribuem para a intoxicação do meio ambiente e, por conseguinte, a diminuição ou até extinção dos animais e plantas desse ecossistema.
Logo, esses pontos contribuem para a devastação da natureza, aumentando o aquecimento global e intensificando os desastres ambientais, como destruição da camada de ozônio, enchentes, chuva ácida e etc.
As ações das indústrias causam uma certa reação em cadeia, já que os impactos estão conectados e levam o ecossistema para uma situação caótica. Com isso, as mudanças climáticas são provocadas, o que afeta o crescimento da instabilidade do planeta, ocasionando o aumento da temperatura, derretimento das calotas polares, desertificação, mudança no nível do mar e entre outros problemas que abalam a saúde do meio ambiente.
Engenharia da Sustentabilidade

Tendo em vista todas essas questões, o engenheiro de produção também precisa estar alinhado com a sustentabilidade, buscando alternativas que se preocupem com o bem-estar do meio ambiente. Com esse propósito, a Engenharia da Sustentabilidade, uma área da Engenharia de Produção, torna-se cada vez mais importante no mercado.
A Engenharia da Sustentabilidade procura criar, por meio de tecnologias e estratégias, soluções sustentáveis, considerando os âmbitos ambientais, sociais e econômicos. Ou seja, essa área fundamenta-se na aplicação dos princípios da engenharia para desenvolver respostas que sejam ecologicamente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis, levando em consideração a compreensão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), diretrizes que fomentam a proteção do planeta. Essa área da Engenharia de Produção é dividida em 7 subáreas, sendo elas:
Gestão Ambiental
Tem como objetivo reduzir os impactos ambientais causados por empresas, atentando-se à utilização racional dos recursos naturais e da energia, ao manuseio dos resíduos e à criação de práticas mais sustentáveis.
Sistemas de Gestão Ambiental e Certificação
Procura regularizar os planos e ações definidas pela gestão ambiental das instituições. Uma das normas mais importantes é a ISO 14001, que estabelece diretrizes para as organizações aplicarem, de forma competente, elementos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). As empresas que realizam essas normas recebem certificações ambientais, o que garante que são organizações que possuem uma gestão ambiental de qualidade.
Gestão de Recursos Naturais e Energéticos
Essa subárea busca maneiras de gerir o uso dos recursos naturais de forma mais consciente, aproveitando melhor os insumos, analisando modos mais ecológicos de extração desses recursos e produzindo fontes de energia alternativas.
Gestão de Efluentes e Resíduos Industriais
Busca desenvolver formas de descarte sustentável de resíduos industriais, sejam eles sólidos, líquidos ou gasosos. Também objetivam reduzir a produção desses resíduos e estudar o tratamento e a disposição de componentes tóxicos.
Produção mais Limpa e Ecoeficiência
A produção mais limpa procura reduzir ao máximo a geração de resíduos em um processo produtivo. Já a ecoeficiência consiste em equilibrar a questão econômica com a questão ambiental, tentando produzir mais com menos recursos sem degradar o meio ambiente.
Responsabilidade social
Tem como objetivo prezar o meio social da empresa, consolidando uma abordagem responsável e respeitosa com os trabalhadores, clientes e fornecedores. Sendo assim, a organização deve considerar que suas ações e decisões podem gerar impactos na sociedade.
Desenvolvimento Sustentável
Consiste em minimizar os impactos negativos causados pela industrialização e pela sociedade, pensando nas gerações futuras e buscando salvar o planeta dessas práticas que o destroem.
ESG
A sigla vem de Environmental, Social and Governance, ou seja, práticas ambientais, sociais e de governança de uma corporação, o que consiste em mostrar o quanto uma empresa está engajada em ser ambientalmente, socialmente e politicamente responsável. O âmbito ecológico adota condutas para preservar o meio ambiente, são exemplo delas: a redução de emissão de gases poluentes, a atenção com a produção e o descarte de resíduos e a busca por alternativas de hábitos sustentáveis.
A questão social consiste na preocupação que a organização tem com a sociedade à sua volta, procurando práticas como: apoio à diversidade e inclusão, consolidação dos direitos trabalhistas, atuação em causas sociais e valorização da segurança e do conforto do ambiente de trabalho. Já a governança foca na transparência da empresa e na sua administração, buscando ações que tenham ética e moral, que valorizem a prestação de contas e a transparência econômica e que sejam anticorrupção.
Portanto, as práticas ESG fomentam a responsabilidade, a competitividade e a seriedade das organizações. Consequentemente, cada vez mais empresas buscam seguir essas condutas, o que melhora a conjuntura ambiental do planeta.
Conclusão
Logo, após a apresentação de todos os pontos acima, as perguntas feitas anteriormente podem ser respondidas. O ser humano agora entende a magnitude dos males causados pelas próprias ações e busca reverter o cenário atual. Já existem vários estudos e ações que procuram consolidar fontes alternativas de energia e reduzir as emissões de gases tóxicos, a produção de lixo e vários outros problemas causados pela industrialização.
Então, diversas empresas tentam sim aplicar atitudes mais sustentáveis, como as práticas ESG, corroborando para a mudança de hábitos sociais pouco ecológicos e para o bem-estar e a saúde do ecossistema