O setor de alimentos industrializados possui grande influência na economia brasileira, e o Ceará caminha junto, com efetiva participação nesse setor. Nesse texto será abordada a caracterização econômica, uma análise desse setor sob uma perspectiva cearense, também trazendo comparativos com o Brasil e o mundo, e impactos gerados a partir das ações do setor, com o objetivo de trazer uma visão holística e relevante sobre esse setor
Caracterização do setor (dados ABIA)
Faturamento anual:
- Cerca de R$17 bilhões no Ceará, representando cerca de 1,47% do faturamento total do país. Cerca de R$1,162 trilhão no Brasil (2023, juntamente com o setor de bebidas).
Número de empresas:
- No Ceará são 1,2 mil e no Brasil são 38 mil empresas
Geração de emprego:
- São 47 mil empregados no Ceará e cerca de 1,97 milhão no Brasil.
Sindicatos e associações representantes:
- SindiAlimentos Ceará (Sindicato das Indústrias da Alimentação e Rações Balanceadas no Estado do Ceará); ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos); ABIAM (Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Ingredientes e Aditivos para Alimentos)
Principais produtos:
- Carnes, pescados e derivados (25,1%); Laticínios (16,5%); Cereais, chás e cafés (16,5%).
O Brasil, hoje, é o maior exportador de alimentos industrializados do mundo em volume e o 5° em valor monetário, exercendo sua liderança, segundo BTG Pactual, como maior exportador mundial de soja (56% do total de exportações), milho (31%), café (27%), açúcar (44%), suco de laranja (76%), carne bovina (24%) e carne de frango (33%). Contudo, é possível visualizar a relevância desse setor para a economia cearense e brasileira, salientando que ele é responsável por 7% do PIB do estado, assim como 10,8% do PIB do Brasil.
Empresas de destaque
- JBS: Multinacional brasileira presente em mais de 20 países, é líder global na indústria de alimentos, com marcas como Friboi, 1953, Swift, Seara, Doriana, Pilgrim’s Pride, e outras.
- Cargill: Uma das maiores indústrias de alimentos no Brasil, atua em 17 estados e no Distrito Federal, com unidades industriais, armazéns, portos e escritórios em 147 municípios.
- Marfrig: Líder global em hambúrgueres e entre as maiores de proteína bovina, com produtos em mais de 100 países. Possui 30 mil colaboradores em 21 unidades produtivas e 10 centros de distribuição.
- BRF: Nascida da união de Perdigão e Sadia, é uma gigante do setor alimentício, com produtos exportados para mais de 117 países.
Nenhuma das empresas trazidas como cases de sucesso são originalmente do Ceará, mas o que não quer dizer que não atuam no nosso estado, elas tanto distribuem para o estado quanto possuem sede no Ceará também.
Impactos decorrentes das ações antrópicas do setor de alimento industrializados com potencial impacto para mudanças climáticas
Com o objetivo de alimentar a humanidade, o ser humano frequentemente deu prioridade ao resultado do setor, por vezes negligenciando os impactos ambientais, como a destruição da biodiversidade e o desgaste dos recursos naturais, esquecendo, muitas vezes, que esses impactos seriam problemas que iriam de encontro com a falta de alimentos para a população.
Para uma análise concisa, é possível classificar os impactos negativos desse setor em três categorias, por atividades agrícolas, por atividades industriais e por atividades logísticas, no qual será citado exemplos de cada um deles a seguir.
Por atividades agrícolas: os desmatamentos que ocorrem em terras para que seja possível o plantio em larga escala ou para que seja possível a criação de animais destinados ao setor alimentício, no qual, embora com motivos bem definidos economicamente, se em grande escala e por muitos anos, causarão danos irreversíveis para a vegetação do planeta.
Os impactos industriais desse setor dizem respeito à emissão de gases de efeito estufa por indústrias processadoras de alimentos, a poluição por produtos industriais na natureza, portanto, tudo aquilo que envolve a atividade industrial que acarreta danos ambientais.
Por atividades logísticas, são os impactos decorrentes do transporte, manuseio e armazenagem dos alimentos industrializados, ou seja, a poluição causada pelos combustíveis dos transportes desses produtos, a escolha de embalagens que não são biodegradáveis ou reutilizáveis, a falta de cuidado com os lotes de armazenamentos, tudo isso ligada à emissão de gases poluentes e o desperdício de alimentos.
Portanto, devido a escala desse setor, todos esses fatos que foram citados acarretam em uma série de desgastes ambientais que estão ligados direta ou indiretamente com o aquecimento global, são ações antrópicas que devem ser balanceadas para não prejudicar a humanidade em benefício do setor.
Em contrapartida, algumas ações positivas podem ser citadas, trazendo exemplo de empresas cearenses que inovaram em tentativas de balancear seus impactos ambientais.
A empresa M. Dias Branco em parceria com a empresa de produção e reciclagem de plástico Valgroup projetou uma nova embalagem para o produto “Cream Cracker Vitarella” composto por plásticos reciclados, assim como firmou uma parceria com a empresa maranhense de energia eólica Serena, com o objetivo de atingir seu objetivo de utilizar 90% de energia renovável até 2030.
A Três Corações investe em um projeto de reciclagem de suas cápsulas de café que, após serem descartadas em pontos de coleta estabelecidos pela empresa, têm suas partes recicláveis (plástico e alumínio) transformadas em novos materiais e a borra contida nas cápsulas é utilizada na produção de adubo.
Em suma, é possível concluir que o setor de alimentos industrializados possui grande destaque no cenário atual global, sendo possível analisá-lo do macro ao micro, até o cenário regional, nesse caso cearense, tendo, por isso, um requerimento de que um profissional que vislumbra trabalho nesse setor tenha uma visão holística dele, que saiba além suas características gerais, das suas influências sobre o que o cerca, e foi com esse intuito que esse texto foi redigido.